A apuração de PIS e COFINS no regime do Lucro Real pode parecer complexa, mas também é uma das formas mais eficazes de reduzir tributos de forma legal. Esse modelo permite utilizar créditos fiscais e aplicar exclusões previstas em lei, como as atualizadas pela IN 2.264/2025.
Neste artigo, você verá como aplicar corretamente as regras e evitar erros que geram autuações, com exemplos práticos, novidades de 2025 e estratégias para economizar.
Índice
- 1 O que é o Lucro Real?
- 2 Como funciona a tributação no Lucro Real?
- 3 Quais impostos incidem sobre o Lucro Real?
- 4 PIS e COFINS no Lucro Real: é cumulativo ou não cumulativo?
- 5 Como funciona o PIS e a COFINS no regime do Lucro Real
- 6 Como calcular PIS e COFINS no Lucro Real
- 7 O que mudou com a IN RFB nº 2.264/2025?
- 8 Benefícios e desafios da apuração no Lucro Real
- 9 Como fazer a apuração de PIS e COFINS no Lucro Real
- 10 Conclusão
O que é o Lucro Real?
O Lucro Real é um regime de tributação federal que determina os impostos a pagar com base no lucro líquido contábil da empresa, ajustado conforme regras fiscais da Receita Federal. É considerado o regime mais preciso — e também o mais complexo — entre os modelos existentes no Brasil.
Ao adotar esse regime, a empresa calcula o valor devido de tributos como IRPJ e CSLL com base no resultado efetivo do seu desempenho financeiro. Ou seja, quanto maior o lucro, maior o imposto. E, em contrapartida, se houver prejuízo fiscal, é possível pagar menos ou até zerar a carga tributária em determinados períodos.
Quem deve ou pode optar pelo Lucro Real?
A legislação obriga algumas empresas a adotarem o Lucro Real, especialmente as que:
- Faturam acima de R$ 78 milhões por ano
- Atuarem em determinados segmentos (como bancos, seguradoras e cooperativas de crédito)
- Obtêm lucros com atividades no exterior
- Recebem benefícios fiscais de forma concentrada
Empresas com faturamento menor também podem optar por esse modelo, desde que estejam organizadas e busquem economia tributária por meio da apuração detalhada dos lucros e despesas.
Quando vale a pena usar esse regime?
Apesar da exigência contábil mais robusta, o Lucro Real pode ser vantajoso para:
- Negócios com margens de lucro menores
- Empresas com altos custos operacionais dedutíveis
- Organizações que investem em estrutura, tecnologia e insumos
- Casos onde há prejuízo contábil ou fiscal recorrente
Além disso, o regime permite o aproveitamento de créditos fiscais — como no caso de PIS e COFINS —, o que contribui para reduzir a carga tributária final de maneira legal e estratégica.
Como funciona a tributação no Lucro Real?
O regime do Lucro Real é considerado o modelo mais técnico e detalhado de apuração de tributos no Brasil. Isso porque ele exige que a empresa calcule seus lucros com base nas receitas reais e despesas efetivas, registradas de acordo com a contabilidade completa.
Ao contrário do que ocorre no Lucro Presumido, nesse modelo o lucro contábil é ajustado por adições e exclusões previstas na legislação fiscal. A partir desse valor ajustado, calcula-se o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
Além disso, o Lucro Real exige apurações mensais ou trimestrais — o que proporciona maior aderência à realidade econômica da empresa, porém também demanda maior controle e organização.
Vantagem estratégica
Apesar da complexidade, o regime pode ser bastante vantajoso para empresas que possuem margens apertadas, muitos custos dedutíveis ou que desejam otimizar sua carga tributária de forma legal.
Quais impostos incidem sobre o Lucro Real?
Ao optar pelo regime do Lucro Real, a empresa fica sujeita à incidência de diversos tributos federais, que devem ser apurados e recolhidos com base em diferentes metodologias.
Principais impostos e contribuições:
Tributo | Base de Cálculo | Alíquota Padrão |
---|---|---|
IRPJ | Lucro líquido ajustado | 15% (+ 10% adicional se lucro > R$20.000/mês) |
CSLL | Lucro líquido ajustado | 9% |
PIS | Receita bruta | 1,65% (não cumulativo) |
COFINS | Receita bruta | 7,6% (não cumulativo) |
ISS (se aplicável) | Prestação de serviços | 2% a 5% (municipal) |
INSS Patronal | Folha de pagamento | 20% + adicionais |
IPI (indústrias) | Valor do produto industrializado | variável |
Importante destacar que PIS e COFINS no Lucro Real seguem o regime não cumulativo, permitindo o abatimento de créditos fiscais — como veremos no próximo tópico.
PIS e COFINS no Lucro Real: é cumulativo ou não cumulativo?
Uma das principais características do Lucro Real está na forma como se calcula o PIS e a COFINS: por meio do regime não cumulativo. Isso significa que a empresa pode compensar valores pagos em etapas anteriores da cadeia produtiva, o que reduz o impacto tributário.
Diferença entre cumulativo e não cumulativo
- Regime Cumulativo
Utilizado no Lucro Presumido, aplica alíquotas menores (0,65% para PIS e 3% para COFINS), sem direito a créditos. O valor é pago sobre toda a receita bruta. - Regime Não Cumulativo (Lucro Real)
Aplica alíquotas maiores (1,65% e 7,6%), porém permite a dedução de despesas específicas. Ou seja, a empresa paga somente a diferença entre o valor devido e os créditos fiscais acumulados.
O que pode gerar crédito no regime não cumulativo?
A legislação permite crédito sobre diversos itens, como:
- Compra de insumos
- Energia elétrica
- Aluguel de imóveis utilizados na operação
- Despesas com frete
- Depreciação de máquinas e equipamentos
- Serviços de terceiros utilizados na atividade-fim
Portanto, no Lucro Real, PIS e COFINS são tributos não cumulativos, o que significa que empresas com boa gestão de custos conseguem reduzir o valor a pagar de forma expressiva e legal.
Como funciona o PIS e a COFINS no regime do Lucro Real
Empresas que optam pelo Lucro Real estão sujeitas ao regime não cumulativo dessas contribuições. Isso significa que, ao invés de pagar o valor cheio sobre o faturamento, é possível descontar créditos obtidos em despesas operacionais e outros gastos essenciais.
Alíquotas aplicáveis
As alíquotas para esse regime seguem este padrão:
- PIS: 1,65%
- COFINS: 7,6%
- Total: 9,25% sobre a receita bruta.
Embora os percentuais sejam fixos, o valor final a pagar varia conforme os créditos que a empresa consegue apropriar.
O que pode ser creditado?
O contribuinte pode abater diversos tipos de despesas da base de cálculo:
- Insumos
- Aluguel de imóveis utilizados na operação
- Energia elétrica
- Depreciação de ativos
- Despesas com transporte e armazenagem
Esse direito aos créditos é o que torna esse regime vantajoso, principalmente para empresas com altos custos operacionais.
Como calcular PIS e COFINS no Lucro Real
Entender o cálculo é fundamental para aplicar corretamente as regras e não pagar mais do que o necessário. A seguir, veja como fazer a apuração.
Passo a passo simplificado
- Calcule a receita bruta mensal da empresa.
- Aplique as alíquotas:
- Receita × 1,65% para PIS
- Receita × 7,6% para COFINS
- Liste todas as despesas passíveis de crédito (insumos, aluguel, energia etc.).
- Aplique as mesmas alíquotas sobre essas despesas para apurar os créditos.
- Subtraia os créditos dos valores brutos para encontrar o tributo efetivamente devido.
Exemplo prático
Item | Valor (R$) |
Receita bruta mensal | 1.000.000,00 |
Débito de PIS | 16.500,00 |
Débito de COFINS | 76.000,00 |
Créditos de PIS | 4.500,00 |
Créditos de COFINS | 20.000,00 |
PIS a recolher | 12.000,00 |
COFINS a recolher | 56.000,00 |
O que mudou com a IN RFB nº 2.264/2025?
A Instrução Normativa 2.264, publicada em abril de 2025, trouxe atualizações importantes para a apuração das contribuições.
Principais mudanças:
- Exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições, conforme decisão do STF.
- Novas exclusões: benefícios fiscais concedidos pelos estados e operações com serviços ambientais.
- Tratamento atualizado de créditos: passa a valer para AVP, perdas com inadimplência e frete pago na aquisição de bens.
- Regras específicas para produtos monofásicos e operações na Zona Franca de Manaus.
Benefícios e desafios da apuração no Lucro Real
Escolher esse regime pode trazer vantagens tributárias, porém exige mais organização e controle.
Vantagens
- Aproveitamento de créditos fiscais em diversas despesas.
- Redução efetiva da carga tributária.
- Maior transparência fiscal, o que pode facilitar financiamentos e auditorias.
Desafios
- Apuração mensal detalhada e sujeita a fiscalização intensa.
- Exige equipe técnica qualificada ou consultoria especializada.
- Documentação precisa e atualizada é indispensável para garantir os créditos.
Como fazer a apuração de PIS e COFINS no Lucro Real
A correta apuração dessas contribuições depende de processos bem definidos e recorrentes. Confira o que sua empresa precisa fazer mensalmente:
- Organizar notas fiscais de compra e venda.
- Identificar despesas elegíveis a crédito.
- Aplicar as regras da IN RFB 2.264/2025.
- Calcular o débito e os créditos.
- Gerar e pagar o DARF até o dia 25 do mês seguinte.
- Guardar todos os documentos fiscais, inclusive planilhas e relatórios.
Manter esse processo em dia evita multas e garante que a empresa não pague impostos em excesso.
Conclusão
Apurar corretamente o PIS e a COFINS no Lucro Real é uma tarefa desafiadora, porém recompensadora. A legislação atualizada, somada à possibilidade de deduzir créditos, transforma esse regime em uma oportunidade para empresas que buscam economia e segurança fiscal.
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Formado em Contabilidade e especialista em Finanças. Apaixonado por descomplicar temas complexos, oferece insights práticos e confiáveis sobre gestão financeira e planejamento tributário. Seu blog é uma referência para quem busca clareza no mundo das finanças.