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O que é CFOP de Entrada?
Quando falamos de escrituração fiscal, um dos pontos mais críticos — e que frequentemente gera dúvidas — é a correta identificação do CFOP de entrada. Esse código fiscal determina como as operações de entrada de mercadorias ou serviços devem ser registradas nos documentos fiscais eletrônicos, como a NF-e, e é essencial para garantir a conformidade tributária.
O termo CFOP de entrada se refere à classificação de todas as operações em que uma empresa recebe produtos ou serviços, como compras, devoluções, transferências e importações. O uso correto desse código é imprescindível para o aproveitamento de créditos tributários, emissão adequada de documentos e validação das obrigações acessórias, como o SPED Fiscal.
Diferença entre CFOP de entrada e CFOP de saída
O CFOP de saída é utilizado por quem emite a nota fiscal, enquanto o CFOP de entrada é aplicado por quem recebe a mercadoria ou serviço. Por exemplo: se um fornecedor emite uma NF com CFOP 5.102 (venda dentro do estado), a empresa compradora registrará essa entrada com o CFOP 1.102 (compra para comercialização dentro do estado).
Principais Grupos de CFOP de Entrada (Iniciados por 1.000, 2.000, 3.000)
A classificação dos CFOPs de entradas é dividida em três grandes grupos, de acordo com a origem geográfica da operação:
CFOP de entrada de Dentro do Estado (Grupo 1.000)
Esse grupo é utilizado quando a mercadoria ou serviço vem de um fornecedor localizado no mesmo estado da empresa que recebe a operação.
Alguns CFOPs de entradas mais comuns neste grupo:
1.101 – Compra para industrialização
1.102 – Compra para comercialização
1.202 – Devolução de venda de produção do estabelecimento
1.556 – Compra de material para uso ou consumo
1.949 – Outras entradas de mercadorias não especificadas
CFOP de Entrada de Fora do Estado (Grupo 2.000)
Usado em operações interestaduais, ou seja, quando a mercadoria vem de um estado diferente daquele onde está localizada a empresa destinatária.
Principais códigos CFOP de entradas deste grupo:
2.101 – Compra para industrialização
2.102 – Compra para comercialização
2.202 – Devolução de venda de produção do estabelecimento
2.556 – Compra de material para uso ou consumo
2.949 – Outras entradas não especificadas
Essa classificação impacta diretamente o cálculo do DIFAL (Diferencial de Alíquota), principalmente para empresas do Simples Nacional ou com consumidores finais.
CFOP de Entrada do Exterior – Importação (Grupo 3.000)
As operações de importação de bens e serviços utilizam os CFOPs de entradas da série 3.000.
Exemplos comuns:
3.101 – Compra para industrialização
3.102 – Compra para comercialização
3.556 – Compra de material para uso ou consumo
3.949 – Outras entradas de mercadorias não especificadas
As operações deste grupo estão sujeitas à tributação federal específica (II, IPI, PIS-Importação, COFINS-Importação) e precisam seguir regras próprias de desembaraço aduaneiro e escrituração.
Como Identificar o CFOP de Entrada Correto?
Selecionar o CFOP de entrada correto é um dos maiores desafios enfrentados pelos profissionais da contabilidade e do setor fiscal. A seguir, listamos os principais critérios para realizar essa identificação com segurança:
1. Natureza da operação
Identifique se se trata de uma compra, devolução, importação, transferência, amostra grátis ou outro tipo de movimentação. A natureza da operação é o primeiro fator determinante para a escolha do CFOP correto.
2. Origem da mercadoria ou serviço
Mesma UF: CFOP começa com 1.*
Outra UF: CFOP começa com 2.*
Exterior: CFOP começa com 3.*
3. CFOP do fornecedor
A maioria das notas fiscais recebidas tem um CFOP que pode ser espelhado para a entrada. Por exemplo:
Saída com CFOP 5.102 (venda para comercialização dentro do estado) → Entrada com CFOP 1.102.
Saída com CFOP 6.102 (fora do estado) → Entrada com CFOP 2.102.
Se houver dúvidas, sempre valide com o contador ou consulte a tabela de CFOP oficial da Receita Federal.
Implicações Fiscais dos CFOPs de Entrada
A correta aplicação dos CFOPs de entradas tem impactos diretos na tributação e nos controles fiscais da empresa.
Aproveitamento de créditos tributários
Ao utilizar o CFOP de entrada adequado, a empresa pode se creditar corretamente de ICMS e IPI nas operações permitidas. Por exemplo, uma compra para revenda (1.102 ou 2.102) permite crédito de ICMS, enquanto uma aquisição para uso e consumo (1.556 ou 2.556) não.
Escrituração correta no SPED Fiscal
No ambiente do SPED Fiscal, os CFOPs são essenciais para o preenchimento dos registros C100, C170, entre outros. Um erro no CFOP pode:
Impedir o aproveitamento de créditos;
Gerar notificações do Fisco por inconsistências;
Comprometer obrigações acessórias.
CFOP de Entrada de Devolução
O CFOP de entrada de devolução é utilizado quando a empresa recebe de volta mercadorias previamente vendidas ou envia devoluções a fornecedores. Essa operação deve ser registrada corretamente para que os tributos pagos originalmente possam ser estornados (ou recuperados) e para que a escrituração fiscal permaneça em conformidade.
Quando utilizar o CFOP de devolução?
Quando um cliente devolve uma mercadoria anteriormente vendida;
Quando há uma devolução à indústria ou distribuidora, como resultado de defeito, erro de entrega, troca, entre outros;
Em situações de cancelamento de venda com retorno físico da mercadoria.
Esses CFOPs variam conforme a origem da mercadoria devolvida:
Situação | CFOP de Entrada | Descrição |
---|---|---|
Devolução de venda dentro do estado | 1.202 | Devolução de venda de produção do estabelecimento |
Devolução de venda fora do estado | 2.202 | Devolução de venda de produção do estabelecimento |
Devolução de mercadoria de terceiros | 1.411 ou 2.411 | Devolução de venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros |
Devolução de industrialização | 1.201 ou 2.201 | Devolução de venda de produção por encomenda ou industrialização |
⚠️ Atenção: o CFOP da devolução de entrada deve refletir a operação original da venda, espelhando o CFOP de saída utilizado anteriormente.
Veja o fluxo visual das devoluções:
Importância fiscal do CFOP de devolução
Registrar corretamente o CFOP de entrada na devolução é fundamental para:
Anular os efeitos fiscais da operação de venda original;
Estornar os impostos (ICMS, IPI) destacados na nota fiscal de saída;
Evitar inconsistências nos arquivos do SPED Fiscal e na apuração de tributos;
Manter a rastreabilidade da operação para auditorias.
Conclusão: A Importância da Classificação Correta das CFOPs de Entradas
Dominar o uso dos CFOPs de entradas é mais do que uma obrigação fiscal – é uma estratégia de controle tributário que pode impactar diretamente os custos operacionais da empresa. Ao aplicar corretamente esses códigos, você:
Evita autuações e malhas fiscais;
Garante o correto aproveitamento de créditos;
Mantém sua escrituração compatível com a legislação vigente.
Ficou com dúvidas sobre algum CFOP específico? leia nosso artigo complementar sobre: Tabela CFOP 2025 – Evite Erros Fiscais com a Tabela Atualizada — ele vai ajudar ainda mais!
👉 Aproveite e confira também: Cálculo DIFAL: Como Evitar Multas e Penalidades Fiscais.

Formado em Contabilidade e especialista em Finanças. Apaixonado por descomplicar temas complexos, oferece insights práticos e confiáveis sobre gestão financeira e planejamento tributário. Seu blog é uma referência para quem busca clareza no mundo das finanças.