LCI e LCA: Entenda Como Funcionam e Como a Tributação Vai Afetar Seus Rendimentos

Você sabia que a imensa popularidade de LCI e LCA coloca esses investimentos no centro de debates sobre a reforma tributária? Se você está se perguntando “vale a pena apostar agora, mesmo com mudanças na isenção de IR?”, está no lugar certo.

Neste artigo, vou explicar de forma clara e envolvente como funcionam esses títulos, o impacto das novas regras — e se ainda fazem sentido no seu portfólio. Prepare-se para um conteúdo direto, humano e cheio de insights.

O Que São LCI e LCA e Como Funcionam

Imagine emprestar seu dinheiro a um banco — com total segurança, isenção de imposto de renda e a garantia de que ele vai financiar setores essenciais da economia, como o agronegócio e o mercado imobiliário. Essa é, em essência, a proposta das LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio).

LCI e LCA: o que são?

As LCIs e LCAs são títulos de renda fixa emitidos por instituições financeiras, criados com um propósito bem definido: captar recursos para financiar o crédito imobiliário (no caso da LCI) ou o setor do agronegócio (no caso da LCA). E aqui está o diferencial: em troca do seu investimento, o banco devolve o valor corrigido com juros em uma data futura pré-estabelecida.

É como se você fosse o “banco do banco”. Você empresta, ele utiliza, e depois te devolve com lucro.

Como funcionam na prática?

Funciona assim: você escolhe um banco emissor, define o prazo e o valor a investir. Durante esse período, o dinheiro é aplicado no financiamento de imóveis ou na produção agrícola — pilares fundamentais da economia brasileira. Ao final do prazo, você recebe o valor aplicado acrescido da rentabilidade acordada.

Esses títulos podem ter três formas de rentabilidade:

  • Prefixada: você já sabe, desde o início, quanto vai ganhar. Exemplo: 10% ao ano.

  • Pós-fixada: acompanha um índice, normalmente o CDI (ex: 92% do CDI).

  • Híbrida (IPCA + taxa fixa): ideal para quem quer proteger o poder de compra no longo prazo. Exemplo: IPCA + 5% ao ano.

Por que LCI e LCA são tão queridas entre investidores?

Além da previsibilidade e da simplicidade, há um ponto que sempre brilhou os olhos dos investidores: a isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas. Isso significa que tudo o que você ganhar é seu — sem mordida do Leão. Essa característica fazia com que, mesmo rendendo “menos” na superfície, LCIs e LCAs superassem CDBs e Tesouro Direto no rendimento líquido.

Outro atrativo? A segurança. Esses títulos são protegidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos), que cobre até R$ 250 mil por CPF e por instituição. Ou seja, mesmo em caso de falência do banco emissor, seu dinheiro está protegido dentro desse limite.

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Até então: isenção de IR

Por décadas, LCI e LCA foram isentas de IR para pessoas físicas, o que tornava esses produtos extremamente atraentes.

Mas e agora?

Houve receios quanto ao fim do benefício — especialmente durante discussões da reforma tributária. Em maio, a equipe econômica propôs igualar a tributação a 15%. Ainda assim, em março de 2025, o governo confirmou que mantém a isenção em LCI, LCA e poupança, justamente para preservar incentivos ao setor imobiliário e ao agronegócio.

Portanto, por ora:

  • Para quem investe como pessoa física: continua sem IR sobre rendimentos.

  • Para pessoas jurídicas: são tributados conforme tabela regressiva do IR .

 

LCI e LCA Vantagens e Desvantagens

Vantagens

  • Rentabilidade líquida maior: não há desconto de IR, fazendo com que o rendimento bruto seja o mesmo que você recebe .

  • Segurança garantida pelo FGC.

  • Diversificação de carteira, especialmente entre diferentes prazos e emissores .

Desvantagens

  • Liquidez menor, com carência significativa (9–12 meses ou até 36 para indexados à inflação) .

  • Rentabilidade às vezes limitada: mesmo sem IR, o CDI ou variação prefixada pode ser inferior a outras opções, exigindo comparativo com CDBs tributados .

  • Obrigatoriedade de declaração no IRPF, mesmo isentas.

Infográfico sobre LCI e LCA. Vantagens: rentabilidade líquida maior, segurança FGC. Desvantagens: menor liquidez e declaração no IRPF.

 

Comparativo: LCI, LCA, CDB e Tesouro Direto

CaracterísticaLCI/LCACDBTesouro Direto
Tipo de investimentoRenda fixaRenda fixaRenda fixa
Destinação dos recursosLCI: mercado imobiliário
LCA: agronegócio
Empréstimos e operações bancáriasDívida pública federal
Imposto de Renda (IR)Isento para pessoas físicasTributado (15% a 22,5%)Tributado (15% a 22,5%)
Proteção do FGCAté R$ 250 mil por CPF/instituiçãoAté R$ 250 mil por CPF/instituiçãoNão tem (é garantido pelo Tesouro Nacional)
RentabilidadePrefixada, pós-fixada ou híbridaPrefixada, pós-fixada ou híbridaPrefixada, pós-fixada (Selic), ou IPCA+
LiquidezBaixa (prazo mínimo de carência)Variável (alguns com liquidez diária)Diária (pode vender a qualquer momento)
Valor mínimo para investirR$ 100 a R$ 1.000 (varia por banco)A partir de R$ 100A partir de R$ 30
Ideal para quem?Busca isenção de IR e segurança com FGCQuer flexibilidade e opções variadasBusca segurança do governo e proteção da inflação

Para quem as LCI e LCA são ideais?

  • Investidores conservadores, que priorizam segurança e querem fugir da sala da Bolsa.

  • Quem não precisa do dinheiro imediatamente, já que há carência mínima considerável.

  • Planejadores de carteira que desejam diversificar entre títulos isentos de IR.

  • Perfeito para pessoas físicas querendo simplificar a tributação — sem abrir mão da rentabilidade.

Dicas finais para aplicar com inteligência

  • Compare sempre a rentabilidade líquida: por exemplo, calcule o “percentual do CDI efetivo” de um CDB vs. LCI/LCA.

  • Verifique prazos e liquidez: escolha o vencimento que se adequa aos seus planos financeiros.

  • Avalie a solidez do emissor (rating) e o limite FGC de cobertura.

  • Declare corretamente no IRPF, mesmo isentas, informando em “Bens e Direitos” e “Rendimentos Isentos”

Conclusão

Apesar das discussões sobre tributação, a isenção de IR para LCI e LCA permanece firme — por ora. Isso as mantém como alternativas sólidas para quem busca segurança, rentabilidade e diversificação na renda fixa.

Se você está montando uma carteira conservadora, precisa planejar resgates e quer fugir da complexidade do Tesouro ou de mercados voláteis, esses títulos ainda têm lugar cativo.

Agora, se você busca liquidez diária ou está de olho em prazos mais curtos, vale considerar outras opções, como CDB ou Tesouro Selic.

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